O Idec (Instituto
Brasileiro de Defesa do Consumidor) e o UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a
Infância) divulgaram nesta segunda-feira os resultados de uma pesquisa
inédita que revela a
influência dos rótulos de alimentos ultraprocessados na percepção e escolhas
alimentares de crianças brasileiras.
O estudo realizado em agosto investigou quais são os alimentos e bebidas ultraprocessados preferidos pelo público infantil, de diferentes níveis socioeconômicos, e as estratégias de marketing que os estimulam a consumir aqueles produtos.
De acordo com as 69 crianças participantes da pesquisa, para alimentos e bebidas ultraprocessados chamarem a atenção delas, eles devem ter o produto em evidência (imagem de um biscoito recheado, por exemplo), cores vibrantes e chamativas, apresentar informações sobre sabor, além de personagens nas embalagens e brindes que eles possam, muitas vezes, colecionar.
“A indústria utiliza uma série de elementos nos rótulos e nas propagandas para convencer que os seus produtos são saudáveis, saborosos e divertidos, quando na verdade estão vendendo alimentos ultraprocessados que podem trazer problemas graves à saúde dos pequenos”, afirma Laís Amaral, pesquisadora e nutricionista do Idec.
Cristina Albuquerque, chefe de saúde do UNICEF complementa. “Continuamos vendo a comercialização de alimentos ultraprocessados com embalagens especiais para crianças, associados a brinquedos e brindes. As crianças são muito suscetíveis e sensíveis ao marketing. Enquanto isso não mudar, fica muito difícil melhorar o estado nutricional das crianças e promover uma alimentação saudável entre elas”.
As crianças também foram convidadas a listar os alimentos e bebidas que gostariam de levar para consumir na escola. De acordo com os dados, sucos (81%), refrigerantes (54%), iogurtes ultraprocessados (28%), salgadinhos (61%), frutas (57%), bolos industrializados (55%) e bolachas (41%) são as opções preferidas de lanches das crianças.
Apesar de as frutas ficarem em segundo lugar nas opções mais mencionadas de alimentos, bolos industrializados e bolachas foram as preferidas de crianças de classes sociais mais baixas, enquanto as frutas apareceram em quarto lugar (47%).
O que os pais colocam nas lancheiras?
Pais e cuidadores responsáveis pela escolha e compra dos alimentos também participaram do estudo e revelaram que, apesar de estarem nas opções de lanches listadas pelas crianças, as frutas não aparecem na relação de quem adquire esses alimentos.
Dentre as opções listadas pelos pais e responsáveis estão: biscoitos e bolachas (71%); bolos e bolinhos (58%); salgadinhos (42%); pães e bisnaguinhas (36%); sucos industrializados (90%); bebidas lácteas e achocolatados (57%); iogurtes ultraprocessados (28%).
“Essa exclusão das frutas pode estar atrelada a diversos fatores, como: preços mais elevados; menor disponibilidade nos ambientes alimentares, conveniência, paladar, percepção de que a criança gosta mais de produtos doces, fáceis de serem consumidos, que na maior parte das vezes acabam sendo produtos não saudáveis”, comenta Amaral.
Além disso, a maioria do grupo (83%) afirmou que as crianças consomem diariamente alimentos e bebidas industrializados, e que a opinião das crianças na escolha do alimento e da bebida é muito importante (51%).
Consulta pública sobre rotulagem de alimentos
Com o objetivo de promover a alimentação saudável para a população, inclusive para o público infantil, o UNICEF está apoiando à campanha do Idec por uma rotulagem adequada dos alimentos embalados. A proposta do Instituto é incluir triângulos na parte frontal dos produtos para alertar quando há excesso de nutrientes como açúcar, sódio e gorduras saturadas.
A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) está com uma consulta pública aberta sobre rotulagem nutricional de alimentos no País. As contribuições podem ser enviadas pela população até 7 de novembro.
“Frente ao cenário regulatório brasileiro, no qual a publicidade infantil é proibida pelo CDC [Código de Defesa do Consumidor] e pela Resolução nº 163 do Conanda [Conselho Nacional da Criança e do Adolescente], é de extrema importância a efetivação da proibição da publicidade enganosa e infantil e a implementação de informação nutricional clara que auxilia os consumidores a saberem o que estão consumindo, sem cair nas armadilhas das mensagens publicitárias e da composição nutricional inadequada”, finaliza a nutricionista do Instituto.
O estudo realizado em agosto investigou quais são os alimentos e bebidas ultraprocessados preferidos pelo público infantil, de diferentes níveis socioeconômicos, e as estratégias de marketing que os estimulam a consumir aqueles produtos.
De acordo com as 69 crianças participantes da pesquisa, para alimentos e bebidas ultraprocessados chamarem a atenção delas, eles devem ter o produto em evidência (imagem de um biscoito recheado, por exemplo), cores vibrantes e chamativas, apresentar informações sobre sabor, além de personagens nas embalagens e brindes que eles possam, muitas vezes, colecionar.
“A indústria utiliza uma série de elementos nos rótulos e nas propagandas para convencer que os seus produtos são saudáveis, saborosos e divertidos, quando na verdade estão vendendo alimentos ultraprocessados que podem trazer problemas graves à saúde dos pequenos”, afirma Laís Amaral, pesquisadora e nutricionista do Idec.
Cristina Albuquerque, chefe de saúde do UNICEF complementa. “Continuamos vendo a comercialização de alimentos ultraprocessados com embalagens especiais para crianças, associados a brinquedos e brindes. As crianças são muito suscetíveis e sensíveis ao marketing. Enquanto isso não mudar, fica muito difícil melhorar o estado nutricional das crianças e promover uma alimentação saudável entre elas”.
As crianças também foram convidadas a listar os alimentos e bebidas que gostariam de levar para consumir na escola. De acordo com os dados, sucos (81%), refrigerantes (54%), iogurtes ultraprocessados (28%), salgadinhos (61%), frutas (57%), bolos industrializados (55%) e bolachas (41%) são as opções preferidas de lanches das crianças.
Apesar de as frutas ficarem em segundo lugar nas opções mais mencionadas de alimentos, bolos industrializados e bolachas foram as preferidas de crianças de classes sociais mais baixas, enquanto as frutas apareceram em quarto lugar (47%).
O que os pais colocam nas lancheiras?
Pais e cuidadores responsáveis pela escolha e compra dos alimentos também participaram do estudo e revelaram que, apesar de estarem nas opções de lanches listadas pelas crianças, as frutas não aparecem na relação de quem adquire esses alimentos.
Dentre as opções listadas pelos pais e responsáveis estão: biscoitos e bolachas (71%); bolos e bolinhos (58%); salgadinhos (42%); pães e bisnaguinhas (36%); sucos industrializados (90%); bebidas lácteas e achocolatados (57%); iogurtes ultraprocessados (28%).
“Essa exclusão das frutas pode estar atrelada a diversos fatores, como: preços mais elevados; menor disponibilidade nos ambientes alimentares, conveniência, paladar, percepção de que a criança gosta mais de produtos doces, fáceis de serem consumidos, que na maior parte das vezes acabam sendo produtos não saudáveis”, comenta Amaral.
Além disso, a maioria do grupo (83%) afirmou que as crianças consomem diariamente alimentos e bebidas industrializados, e que a opinião das crianças na escolha do alimento e da bebida é muito importante (51%).
Consulta pública sobre rotulagem de alimentos
Com o objetivo de promover a alimentação saudável para a população, inclusive para o público infantil, o UNICEF está apoiando à campanha do Idec por uma rotulagem adequada dos alimentos embalados. A proposta do Instituto é incluir triângulos na parte frontal dos produtos para alertar quando há excesso de nutrientes como açúcar, sódio e gorduras saturadas.
A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) está com uma consulta pública aberta sobre rotulagem nutricional de alimentos no País. As contribuições podem ser enviadas pela população até 7 de novembro.
“Frente ao cenário regulatório brasileiro, no qual a publicidade infantil é proibida pelo CDC [Código de Defesa do Consumidor] e pela Resolução nº 163 do Conanda [Conselho Nacional da Criança e do Adolescente], é de extrema importância a efetivação da proibição da publicidade enganosa e infantil e a implementação de informação nutricional clara que auxilia os consumidores a saberem o que estão consumindo, sem cair nas armadilhas das mensagens publicitárias e da composição nutricional inadequada”, finaliza a nutricionista do Instituto.