A Hilab, healthtech que usa
“computação na nuvem” para oferecer exames rápidos que vão do Covid ao diabetes
a partir de poucas gotas de sangue ou saliva, está finalmente iniciando sua
expansão internacional. Depois de fazer mais de 2,5 milhões de testes no
primeiro ano da pandemia e levantar US$ 16 milhões em investimentos desde 2016,
a startup curitibana começará a operar em Portugal em agosto. Será o primeiro
passo de uma estratégia que prevê a chegada ao Reino Unido já no curto prazo.
A startup obteve certificação
regulatória para seus exames no mercado europeu e assinou contrato com a
Pantest, fabricante de testes rápidos portuguesa, para distribuição da
tecnologia no país. Assim como no Brasil, a ideia é oferecer os exames em
farmácias, hospitais e consultórios.
A Hilab vai exportar para o mercado
português seu laboratório portátil, equipamento no qual poucas gotas de sangue
(ou amostras de saliva ou de nasofaringe, no caso do teste molecular de Covid)
do paciente são introduzidas. O material coletado entra em contato com
reagentes dentro do aparelho, que digitaliza a reação da amostra e envia as
informações para a “nuvem”.
Os dados serão analisados em um
laboratório clínico que será montado em Portugal — por questões regulatórias, a
análise não pode ser feita na sede em Curitiba, como ocorrem com os testes
feitos no Brasil.
— Vamos fazer praticamente todos os
30 testes que fazemos aqui, exceto alguns que não fazem muito sentido por lá,
como para dengue e zica. Mas é claro que os de Covid serão o carro-chefe neste
momento inicial — contou à coluna o CEO e fundador Marcus Figueredo, engenheiro
de computação que estudou a aplicação de inteligência artificial à saúde no
mestrado e no doutorado.
‘Preconceito’
Segundo Figueredo, além da facilidade
da língua, Portugal “passou na frente” de mercados latino-americanos na
expansão internacional porque oferece uma porta de entrada privilegiada para o
restante do mercado europeu.
— Nosso objetivo sempre foi ser uma
healthtech global. A barreira para que qualquer laboratório faça isso é
logística, mas nós contornamos esse obstáculo usando a nuvem. Só que sabemos
que, mesmo assim, enfrentaríamos preconceito para concretizar nossas ambições
globais por não sermos europeus ou americanos. Em Portugal, conseguimos mitigar
esse aspecto — acrescentou.
O plano da start-up é ter 70% das
receitas geradas no exterior “a médio prazo”. O câmbio tende a ajudar: enquanto
os testes rápidos de Covid da Hilab são oferecidos no Brasil na faixa dos R$
200, em Portugal a start-up deve chegar com preços equivalentes aos de
concorrentes que já operam no país, onde exames moleculares podem custar 90
euros a unidade.
Península, de Abílio Diniz, é sócia
— Temos um “road map” de países.
Ganhamos recentemente uma competição no Reino Unido para start-ups que queriam
operar no sistema de saúde britânico e estamos conversando com potenciais
parceiros. Se tudo der certo, é bem provável que o Reino Unido seja nossa
próxima parada — explicou o fundador.
Com 400 pessoas na equipe, a Hilab
ultrapassou R$ 200 milhões de contratos fechados no ano passado e está em mais
de mil cidades.
Desde 2016, a companhia já levantou
US$ 16 milhões em capital junto a fundos como Positivo Tecnologia, Monashees e
Qualcomm Ventures. O último cheque, de US$ 10 milhões em uma rodada do tamanho
Series B, entrou no início do ano passado, trazendo dois novos sócios:
Península (de Abílio Diniz) e Endeavor Catalyst.